O terceiro Guia Espiritual: conheça
Cafuze, aquele que Protege

Isto é
Olá HIPs do meu coração,

Durante a Expedição HIP na Chapada dos Veadeiros, tive a honra de encontrar Cafuze, um elemental poderoso que atua como guardião do portal mágico desse território sagrado. Cafuze é um símbolo vivo da rica mistura cultural e étnica que define a região, representando a união dos nossos antepassados Negros e Indígenas.

Com uma personalidade forte, traquina e brincalhona, Cafuze nos remete às figuras folclóricas do Saci e do Curupira. Seu espírito é cheio de travessuras e alegria, e ele é conhecido por seu assobio característico, que acompanha seus movimentos e ressoa pelas trilhas da Chapada.

O Guardião do Portal

Cafuze atua como o guardião do portal que separa o mundo ordinário e o extraordinário. Nas histórias e lendas da Chapada dos Veadeiros, esse portal diferencia a vida cotidiana das experiências mágicas e transformadoras que a região oferece. Para atravessar esse limiar, é exigido respeito, compromisso e uma conexão verdadeira com a natureza e os seres que a habitam.

A travessia não é simples; ela exige uma prova ou oferenda específica. Cafuze, com seu olhar brincalhão e assobio enigmático, desafia aqueles que desejam adentrar esse território sagrado a demonstrar seu valor e merecimento. 

Ele me confidenciou que a oferenda que ele mais aprecia é uma combinação de dois tipos de Trigo Veadeiros, um grão crioulo, raro e sagrado, cultivado e selecionado pelas antigas tradições do Moinho, uma região que inclusive tem esse nome por causa dessa atividade, da qual era exportadora. Essa oferenda simboliza o reconhecimento do valor cultural da Chapada e a disposição do visitante em respeitar e proteger o legado ancestral desse lugar único.

Kalungas e Avás-Canoeiros: Tradição e Resistência

A história de Cafuze ecoa nas raízes dos nativos, dos Kalungas e dos Avás-Canoeiros, povos tradicionais que habitam a Chapada. Essas comunidades são herdeiras de uma longa tradição de resistência e preservação cultural. O legado dos Kalungas, descendentes de quilombolas; e dos Avás-Canoeiros, nação indígena predominante na região, com sua história milenar de luta e sobrevivência, ressoa através de Cafuze, mostrando a força e a resiliência que definem a essência ancestral desse lugar mágico.

Os Kalungas são conhecidos por manterem suas tradições vivas através das gerações. Eles habitam o Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, uma das maiores comunidades remanescentes de quilombos do Brasil. A luta pela preservação de suas terras e cultura é um exemplo inspirador de resistência e conexão com suas raízes africanas.

Já os Avás-Canoeiros são um dos povos indígenas de língua tupi que preferiam a morte a se render ao inimigo, assim ficaram famosos como a nação que mais resistiu ao colonizador no Brasil Central. Conhecidos pela sua habilidade em navegar e sobreviver no cerrado, eles eram nômades e possuíam um profundo conhecimento das plantas medicinais e dos segredos da natureza.

A Presença de Cafuze na Chapada

Cafuze, como guardião da Chapada e das tradições de seus antepassados, exige respeito e compromisso daqueles que desejam atravessar seus portais. Sua presença é uma celebração da diversidade e união das comunidades que moldaram a história e a cultura desse território ancestral. Ele nos lembra da importância de honrar as tradições e aprender com os antigos para nos conectarmos verdadeiramente com o passado longínquo dos povos nativos que delinearam os costumes da região.

Sua personalidade espirituosa e travessa, combinada com o seu assobio característico, faz de Cafuze uma figura encantadora e protetora. Ele nos instiga a respeitar e cuidar da Chapada enquanto nos divertimos e exploramos suas belezas naturais.

A Chapada dos Veadeiros não é apenas um destino turístico; é um lugar de profunda transformação espiritual e cultural. Ao explorar suas trilhas e cachoeiras, lembre-se de que você está caminhando sobre um solo sagrado, protegido e abençoado por seres como Cafuze, guardião da natureza e representante das tradições vivas dos Kalungas e Avás-Canoeiros.

Beijos de reverência ancestral,

Beatriz Bàrd
Expedição HIP Chapada